Sári


Trajada num sári, eu vi-te distante
Como um oásis em pleno deserto
Meu coração num safári errante
Mágoas são álibis para o meu desafecto
Doutrina de Darwin é tão descripante
Quando  o amor se faz objecto
Sempre sujeito a romances sintéticos
Pois eu só amava na torre de Babel
Amores nascidos, vividos e extintos em papel
Amores passados, pretérito perfeito

Trajada num sári, eu vi-te mais perto
Como o solstício em pleno Dezembro
E vinham contigo ciganos ecléticos
Flamenco e folia rompiam o silêncio
Uma estranha euforia rompia meu peito
Rendidos a ti, meus sentidos e desejos
E um anseio voraz de ser teu mancebo
Na entrega de seres firmando convênio

Sári no chão, teu corpo suspenso
Teus olhos safiras de um brilho intenso
Sádisticas mãos tocaram teus beiços
Ficamos parados, perdidos no tempo
Ficamos perdidos, parados no tempo
Como hedonistas passamos os extremos
Como extremistas, não nos contemos
Amados amantes, autêntico enredo


Modelo: Idelsa de Carmen

Por: Dércio Ferreira


2 comentários

  1. "Amores nascidos, vividos e extintos em papel." Coisa de poetas... encontrar e extinguir no papel.

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