Sumanga


Refém desse teu jeito, nesses teus beiços perco minha fala
Fico cativo desses teus seios, doce segredo prende-me a alma
Corpo perfeito, corpo perfeito, todos desejos esgoto em tua cama
Quero o teu sexo como um rebento quer uma mama
quero te mana
Esse veneno que há nas tuas pernas, já deixou homens presos a macas
Elouquecidos pelas tuas ancas, todos gritavam ela é sumanga
Eu não mereço, eu não mereço,
esse feitiço, moçambicana
Naveguei mares e vi o mundo, conheci África em tuas mantas
Desatei nós em tuas tranças, despi pudores e capulanas
Pus em teus pulsos belas missangas, e no teu ventre uma criança
E hoje completo nasce o menino, belo com a cor da madrugada
Pois tu és noite, e eu sou dia, e ele é metade das duas raças
Eu sou soldado tu és a escrava, troco minha santa pela tua yanga
Juro-te amores perante a lança, e renuncio a Lusitana
E quanto a branca que eu deixei noiva,
 pobre coitada, pobre coitada
Mando uma carta só p´ra avisar-lhe, que eu já não voltarei a Bragança



Ilustração por Hugo Mendes (hdjmendes@gmail.com) 
https://instagram.com/psiconautah

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