Panela de barro em fogueira de
lenha,
coze a mandioca de baixo da
mafurreira;
Enquanto Dolinda escolhe o feijão
sentada na esteira,
os miúdos se entretêm jogando a
neca.
Lenço preto na cabeça cinzenta!
Minha Dolinda enlaçada numa
capulana vermelha,
tão velha, mas ainda tão bela!
O céu num azul apaixonante,
os pássaros cantam em tom afinado,
retrato de uma tarde perfeita.
Dolinda com um olhar distante…
Num suspiro de saudade,
entre os feijões tateia meu corpo.
Esboça um sorriso, mais um
suspiro…
E uma lágrima seca brota em seu
rosto
Corro para ela,
Tento abraçar-lhe, e
confortar-lhe
Mas já não posso.
Há muito que o rio me levou
Hoje não passo de um mero
espectro
Minha alma habita no limbo
e meu corpo dorme em concreto.
Mas dou-me por satisfeito,
pois nem a morte nos conseguiu separar
E sigo contemplando, a espera dela chegar.
Escrito por: Dércio Ferreira
Revisão: Melissa Dinda
Foto: Rui Checanza
“E”ntrecho
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