Madalas



Carrego a história deste povo na mente
Sou a maior e mais fidedigna biblioteca
Minha odisseia é anónima
Assim como meu papel na guerra

Vivo entregue ao esquecimento
Para os meus filhos e a sociedade sou um peso
Velho demais para trabalhar
Cansado demais para me cansar

Não reclamo por estatutos
Por títulos ou dinheiro
Apenas quero o que me pertence
Um pouco de paz e sossego

Negligenciado e entregue as traças
Por mim só o estrangeiro se interessa
E os meus netos não querem Karinganas
Pois seus livros contam histórias de estrangeiros

Em África a escrita chegou tarde
Ensinamentos eram transmitidos oralmente
Mas nesta geração de tecnologias emergentes

O madala morre com tudo que sabe


Ilustração por Hugo Mendes (hdjmendes@gmail.com) 
https://instagram.com/psiconautah/



Escrito por: Dércio Ferreira
Ilustração: Hugo Mendes

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